Leandro de Jesus
Colaboração para o Plural
Após acordo entre todos os partidos, o Congresso Nacional derrubou, em 30 de maio, os vetos do presidente Michel Temer (PMDB) às alterações na forma da arrecadação do Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS). Com a medida, as contas públicas de Poá podem ficar em situação muito delicada, pois
a arrecadação do tributo representa quase a metade do orçamento anual da cidade.
A cobrança do ISS será feita no município do domicílio dos clientes de cartões de crédito e débito, leasing e de planos de saúde e não mais no município sede do estabelecimento que presta esses serviços. Este item havia sido vetado por Temer ao final do ano passado quando sancionou a Lei Complementar nº 157/2016.
Segundo o governo, a mudança traria “uma potencial perda de eficiência e de arrecadação tributária, além de redundar em aumento de custos para empresas do setor, que seriam repassados ao custo final”, ou seja, ao consumidor.
A derrubada do veto, algo incomum no Congresso, representa uma derrota importante do governo e também uma vitória dos prefeitos que pressionaram os parlamentares no último mês em evento em Brasília e agora devem ter aumento de arrecadação nos municípios com a pulverização dos pagamentos.
Poá e Barueri foram citadas pelo deputado Sergio Souza (PMDB-PR) com exemplo das poucas cidades que se beneficiam com a forma de arrecadação atual. Durante a sessão conjunta houve acordo entre oposição e governo para derrubar o veto. Deputados da região tiveram posturas diferentes em relação ao tema. Márcio Alvino (PR) foi favorável à manutenção do veto, o que seria benéfico para Poá, mas Roberto de Lucena (PV) votou contra.
Despreparada
Algumas das empresas que mais pagam impostos no município, como os bancos Itaú e Safra, trabalham com as operações de leasing e cartão de crédito e, dessa forma, deixarão de recolher exclusivamente os valores em Poá. O orçamento anual de 2017 de Poá prevê arrecadação total de R$ 467 milhões, sendo R$ 202 mi apenas de Imposto sobre Serviços (ISS).
O Plural antecipou a gravidade das alterações em matéria publicada em novembro de 2015. Na ocasião, o então prefeito Marcos Borges (PPS) afirmou que somente os dois bancos contribuíam na cidade com 40% do total do imposto.
Segundo analistas da Câmara dos Deputados, como se trata de derrubada de veto, a alteração entra em vigor imediatamente. A Prefeitura de Poá não se planejou para uma possível queda de arrecadação.
Entrevistado por e-mail antes da votação, o secretário da Fazenda, Robson Senziali, disse que ainda não há uma estimativa de perda de ISS, pois na avaliação dele, o município também poderá aumentar a arrecadação.
“A alteração será tanto na perda da arrecadação do Itaú, quanto no ganho da arrecadação de outras operadoras, das quais não sabemos ainda quanto será”, afirmou, o secretário da Fazenda, Robson Senziali.
O secretário acredita ainda que as alterações só ocorrerão em 2018, apesar de a lei já estar em vigor. Questionado se haveria contingenciamento, demissão de servidores ou aumento de impostos, o secretário novamente disse que estratégias só seriam estudadas após a derrubada do veto.
Safra
O Safra é a primeira empresa a transferir sua sede. A unidade de Poá, responsável por leasing, vai migrar neste mês para a capital. Questionado, o banco afirmou que houve “uma decisão administrativa para a transferência”. (Colaborou Delcimar Ferreira)
Lamentável o despreparo dos nossos representantes no executivo e no legislativo. Trataram a situação com desdém e agora não sabem o que fazer, estão perdidos. É prova concreta da incompetência.
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